sábado, 1 de novembro de 2008

Despretensão



Quem foi que disse?
Que passividade infundada é meramente burrice?
De que serve tudo?
De que serve tudo então?

“Onde se queimam livros no final queimar-se-ão pessoas”.
Se hoje ao menos houvesse fogo.
E se o fogo nos consumisse e nossas cinzas voassem.
Ao menos haveria vôo.

“Um galo sozinho não tece a manhã”.
Não fosse ao barulho dos ouvidos a surdez da alma.
E se pudéssemos com ela ouvir.
Talvez des-crepúsculo-la-na-ría-mos.

O que resta?
O que me resta então?
Eu que sou apenas cinza.
Des-crepúsculo minha alma na imensidão.

Um comentário:

Joyce Pfrimer disse...

"E se o fogo nos consumisse e nossas cinzas voassem.
Ao menos haveria vôo."


Me fez lembrar dos versos da Florbela Espanca

"E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada
Que me saiba perder...pra me encontrar..."

Muito bonito Biel!

=*