sábado, 7 de março de 2009
Torpor
A luz laranjada do cigarro que iluminava as redondezas dos seus dedos era toda a clareza de vida que ele conseguia ver. Ele passara tanto tempo perdido no escuro de si mesmo, que a fumaça que fazia mal aos pulmões fazia bem a alma.
A fumaça era a mais concreta das poesias, em que o eu lírico se desfazia, se dissipava e preenchia o vazio daquela noite.
Ele era a noite, ele era à noite, e a eminente manhã já não o assustava, acostumado que era a consumir-se em troca de um punhado de luz, como uma vela triste valsando a melodia da solidão.
O cigarro, já cinza, e o impiedoso amanhecer, o abortava para a estúpida realidade de ser, quando tudo que se queria era o ser concreto, como a luz, e efêmero, como a alma.
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3 comentários:
foi super bonito!
=)
Puta merda! Você tá impossível, cara... Delícia de ler, esse texto. Melancólico, intenso. Visceral!
Bom demais!
Foi instigante...
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