terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Impressões do Urbano
Da janela as pipas cortam o céu nublado e o vento assopra a poeira e as ilusões da minha juventude. As ruas dessa cidade se entranham por entre bairros, rodovias e quebradas, me levam por esquinas pintadas por indigentes, empresários, mendigos...
As janelas semi abertas do veículo deixam permear a realidade que queremos esquecer. Um baculejo é parte da rotina, um banho na fonte é sair da rotina.
Na esquina a fumaça do baseado embaça o horizonte e leva com ela as mágoas do moleque e a hipocrisia da sociedade.
Os sons se misturam aos cheiros, a mente viaja em paredes de tijolo cru, pichações em meio a propagandas e assim caminho por caminhos que só a vista alcança.
No bar um pai descuidado não vê o molequinho tentar fumar um cigarro. Num bar um pai descuidado não se vê consumido em fumaça.
Em meio ao caos há ordem, em meio à ordem o caos.
Milhares de balões de algum político passam ao fundo por entre os prédios. Passam despercebidos por quem labuta sem tempo de olhar para o alto.
Vive-se o inverso da vida, onde as árvores cavam seu lugar no concreto e a água mina de um cano estourado, esquecido, imune.
Alheio a tudo, cai uma pipa, presa no alto da única arvore que se vê, como se no fundo no fundo a natureza só quisesse brincar de pipa, como a me lembrar eternamente das ilusões da minha juventude.
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4 comentários:
Bem vindo de volta ao seu blog! haha!
=P
Cara, eu poderia assinar essa reflexão sem nenhum remorso!
Bem vindo ao clube, amigo... Devorados pela metrópole, nós aqui.
Abraço.
Isso é que é ser visionário!
não é um texto "Emo", é muito bom!!!
agora to convencida que vc escreve!!
Ahn, a alusão ao baculejo deu um toque especial...rsrsrs
bju
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