sexta-feira, 14 de novembro de 2008
1% das coisas
Algumas poucas pessoas têm esperança...
Algumas menos ainda têm o dom da força de vontade.
E quando você tem pessoas que põem isso em prática algo de extraordinário acontece. Algo que a gente sente no ar numa quarta feira chuvosa e inexplicavelmente enche seus pulmões de uma vontade de mudar, fazer algo, qualquer coisa que seja.
É tão fácil combater a pobreza, tão simples, que não adianta me preocupar com isso, que por mais simples que seja não será resolvida.
E se um dia eu for o pobre, quero ter o dom da força de vontade, e esperança, porque se essas morrerem do que vale a vida?
Mas independente do que digam os céticos, os cínicos e os descrentes, eu vou continuar enchendo meus pulmões, ignorando as políticas, as ideologias, as certezas e todas as mentes analíticas e pouco práticas, que fazem nada.
«Saber que será má a obra que se não fará nunca.
Pior, porém, será a que nunca se fizer.
Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe (...)»
Não os escutarei, encherei meus pulmões e continuarei assim, até que se esvaia de mim, se perca no tempo, e mesmo que não dê em nada, ao menos não escutei os que de tão mais certos do que eu nem ao menos tentaram.
“Não preciso que me digam, de que lado nasce o sol, porque bate lá meu coração...”
Mas eles nunca, nunca vão sentir o que eu senti.
... ... ... ... ...
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA há no País 56,9 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza e 24,7 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza.
Acabar com a pobreza em país rico com grande proporção de pobres requer recursos financeiros irrisórios.
Para se erradicar a extrema pobreza brasileira seria necessário não mais que 1% da renda do País.
Para se erradicar a pobreza seriam precisos 5%.
Nosso país é um dos primeiros do mundo em desigualdade social. Aqui, 1% dos mais ricos se apropria do mesmo valor que os 50% mais pobres. A renda de uma pessoa rica é 25 a 30 vezes maior que a de uma pessoa pobre.
A pobreza existe quando um segmento da população é incapaz de gerar renda suficiente para ter acesso sustentável aos recursos básicos que garantam uma qualidade de vida digna.
Estes recursos são água, saúde, educação, alimentação, moradia, renda e cidadania.
Pobreza maior é a de espírito.
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Uma leve descrença com as coisas...
Quem tem o poder de mudar qualquer coisa nessa vida?
Na verdade somos todos egoístas por natureza e talvez o altruísmo seja o próprio egoísmo disfarçado em pele caridosa e com uma verossimilhança de não-amor-a-sí que me assusta.
Por isso eu digo: quem pode mudar coisa sequer nesse mundo?
Tudo pode ser sempre visto por dois ângulos e agente escolhe aquele que cai melhor na hora, seja pura maquilagem para quem quer que seja, nós mesmos, a sociedade, a alma...
Se parássemos pra ver o mundo pelo ângulo simples e cru da realidade, seriamos animais racionais boçais e instintivos.
Já o sentimento nos atrapalha de ver a vida e serve de proteção entre o mundo real e o falho e infindo mundo que criamos a nós mesmos.
E por isso sentimos, para haver uma simples barreira entre nosso mundo e o dos outros.
A felicidade é tão relativa e efêmera quanto a tristeza, ambas coexistem num mundo irreal tão bem disfarçado de coisa que chegamos a achar que sentimos coisa sequer.
Quem pode mudar qualquer coisa nessa vida?
Acreditar talvez seja a unica coisa que explique a burrice do ser dito humano diferenciada da burrice sagaz do animal que satisfaz o instinto carnal e dos sentimentos sem barreiras que vem e vão sem culpa.
O ser humano é não ser em nada.
Ser algo? Eu não sou, nem nada eu sou, sou o não nada.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Gravidez ou Gravidade?
Mulheres engravidam e ponto. Por mais que de certa forma minha mente rejeite a idéia de que um ser tão incrível possa sair de outro igualmente incrível, tenho que aceitar o fato. Enfim, temos todos que aceitar o fato, mesmo que o feto seja um milagre vagamente racionalizado. No mínimo pensa-se que o sexo leva aos fetos, assim como o amor leva aos filhos, dependendo da situação em questão.
Já os filhos, coitados, além de passarem nove meses, ou 40 semanas como dizem alguns “parteiros”, na eterna ilusão de que a vida se resume a uma piscina onde não temos que nos preocupar com o ar que respiramos e a comida vêm direto por um tubinho estrategicamente posicionado no lugar onde hoje se encontram nossos umbigos, os filhos tem em si a responsabilidade e a culpa por um emaranhado de situações extra-uterinas. Aqui nesse universo paralelo onde nós, os ex bebes vivemos e nos relacionamos.
Enfim, nesse universo extra-uterino, onde alguns de nós usam com orgulho nossos resquícios de tubo alimentar como porta penduricalhos, as gestantes e as grávidas têm direitos que alguns de nos mortais não possuem. Mas vá lá, tudo bem, não vou discutir as relações de direito em respeito aos meus poucos leitores que a pesar de poucos, são muito críticos graças a Deus, e os mesmos me crucificariam gentilmente falando que não concordam com “algumas coisas”. Contudo, quando se está grávida algumas coisas que geralmente são repudiadas no dia a dia tornam-se normais e até apreciadas com certo carinho por nossa parte, como o estranho desejo de comer as mais estranhas coisas do universo, as freqüentes idas ao banheiro e a incrível permeabilidade para se furar filas nos lugares públicos.
Junto com aqueles que são ex bebês a mais de 60 anos, com os portadores de necessidades especiais e com aqueles ou aquelas que carregam crianças de colo, as grávidas tem o direito de furar fila sem serem discriminadas. Lei tal, de tal ano diz em algum lugar do livro tal que elas têm esse direito. Nunca tive nem lombrigas pra saber como é ter um ser dentro de mim, ainda mais pra questionar o direito fura-fila.
Mas o que me faz pensar mesmo é até onde a gravidez esconde a gravidade da situação em que vivemos. Imagine a cena:
Estando eu numa fila, num belo dia do domingo a beira da praia, quando uma jovem senhora se posicionou estrategicamente a minha frente, com uma expressão de quem tem todo o direito fura-fila do mundo, mesmo não me parecendo idosa o suficiente, grávida o suficiente e muito menos educada o suficiente. Quase que automaticamente me posicionei, calmamente, ao lado dela, delicadamente esperando a explicação pra tal atitude, enquanto ela tentava me ignorar junto com os outros mortais freqüentadores de filas. Outra jovem senhora se aproximou, carregando uma barriga enorme. Foi quando a senhorita elaborou a celebre frase que não poderia ser citada em hora mais oportuna:
- Esse povo reclama, mas se deu no exame ontem que eu estou grávida eu não preciso provar.
É realmente incrível como uma pessoa com tal intelecto foi selecionada pela natureza pra ser mãe. Devia no mínimo ganhar da mãe natureza o troféu "mãelandragem do ano". Tudo bem que por algum motivo as grávidas podem furar fila, talvez por não agüentar ficar tanto tempo esperando sem ir ao banheiro ou algo assim, mas quantas semanas seriam necessárias para que isso ocorresse? É como se logo após um coito as mulheres se tornassem seres portadores de necessidades especialíssimas (exclua-se aqui a de receber telefonemas, que é justificável), sem sequer terem necessidade alguma! A necessidade talvez fosse só ganhar alguns minutos na fila do caixa.
Dizem que as tonteiras da gravidez aparecem após algumas semanas, mas a “tonteza” que leva a gravidade dos fatos em que vivem só aparece em situações como essas.
O direito é inegável, mas o fazer valer para si é prova de que no mundo dos espertos, até as grávidas valem por dois. E assim agente vai vivendo, valendo-se de direitos justos por definição, mas burros pela lógica do bem comum.
- Vá minha senhora, e parabéns pelo bebê!
Algumas risadas, e ela, no segundo que esboçaria uma reação escutou, ao fundo, a voz salvadora, livrando-a da platéia que já então a sabatinava com olhares.
-Próximo!
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Prolixidades alimentares
Diz a lenda que em lugares diferentes do Brasil as coisas têm nomes diferentes daqui da capital, e isso rende assuntos intermináveis. Essa história é baseada numa conversa produtiva de MSN que versa sobre teorias léxico-alimentares, a fome mundial e classificações taxonômicas, entre outras.
Os nomes foram mudados para a segurança dos personagens:
Gabbriel: Por falar em comida, aqui agente chama biscoito e bolacha coisas diferentes.
Zé Gotinha: O que é bolacha ai? E biscoito é o que?
Gabbriel: Bem, sabe essas de leite? São bolachas. Ou biscoitos, só que essas deliberadamente doces são biscoito.
Zé Gotinha: Não entendi. Assim me parecem iguais ainda! Doces.
Gabbriel: Olha, vou te explicar.
Zé Gotinha: Explique-se
Gabbriel: Na verdade o mérito não está no sabor, mas na serventia. Bolacha serve pra ocasiões especificas e biscoito é geral. Ou seja, toda bolacha é biscoito, mas nem todo biscoito é bolacha.
Zé Gotinha: ah! Chamo tudo de bolacha mesmo.
Gabbriel: Tudo bem, só estou te falando como as coisas são.
Zé Gotinha: Até tapa na cara! Bolacha!
Gabbriel: Sim, sim. Mas veja você que tapa na cara definitivamente não é biscoito. E ainda, você nunca vai “molhar a bolacha” no sentido figurado.
Zé Gotinha: Tomara... Isso me causa arrepios!
Gabbriel: Na verdade, existem coisas que tem classificações específicas, por exemplo, já viu esses cookies?
Zé Gotinha: Não.
Gabbriel: Bem, como posso explicar... É um biscoito que está mais para bolinho.
Zé Gotinha: Ah ta.
Gabbriel: Mas não tem o status de bolinho porque é duro. Afinal, não pode existir biscoito mole. A não ser que sejam previamente molhados no leite, mais isso é outra história.
Zé Gotinha: Ah não... Para mim vai ser bolinho, que seja duro.
Gabbriel: Enfim, no mundo dos biscoitos, cada um tem seu lugar, até aqueles ridículos biscoitos que vem de 3 em 3 por pacote. Que nem deveriam ser considerados biscoitos! Deveria haver uma categoria mais abaixo!
Zé Gotinha: São bolachinhas.
Gabbriel: Que sejam, mas independente da classificação, não deveriam criar expectativa quando alguém nos oferecesse! Com toda a fome no mundo, alguém fabrica algo assim. Imagina:
– Quer um biscoito?
– Quero sim
Dai aparece um trio quase imperceptível.
E eu me pergunto:
– E o resto?
– Mas que resto, só tem esses!
– Mas você não disse que tinha biscoito, eu quero o resto!
– Ta bom! Se você quer o resto eu como 2 e deixo 1 pra você!
– Isso já é demais!
– Vai querer ou não?
Gabbriel: Imagina! É de perder a fome!
Zé Gotinha: Gabbriel... Você deve ter algum trauma... Com esses biscoitinhos viu.
...
domingo, 2 de novembro de 2008
Tudo é lixo / Panis et circenses. By Mariana Delfino
Esses textos não são meus, quem me dera, mas a identificação é imensa! A autora gentilmente me deixou publicar e eu só contribui com as fotos.
Tudo isso é lixo.
Tudo isso é lixo. A perda da dignidade com os lábios cerrados e o sangue pulsando latente. Dignidade feita do pó miserável que cai dos sapatos, construída apoiada na mediocridade alheia. Corações miseráveis que não se recordam do tempo de sua inocência, quando a manipulação soberana e suja não lhes afetava a alma, pois desconheciam essa forma de poder.
Intervir de maneira histérica é o que desejamos, porém, a correnteza é tão forte e escura que arrasta a todos, cegando a quem tenta ajudar.
O medo da dor misturado ao desejo ardente de justiça paralisa as mentes que mencionam a revolução. Atrelados às suas cadeiras de rodas de formato cíclico como a vida inóspita logo depois do último amanhecer, os seres que se chamam homens morrem lentamente, receosos de seu próprio saber, mantendo nas mãos gélidas a taça cheia da coragem forjada que um dia esperavam praticar.
Panis et circenses.
Preto, pardo, branco, gente que parece encardida. A pequena rua imita a vila, a vila copia a cidade, a cidade aproveita as idéias do estado, o estado aprende direitinho as lições do país. E essas pessoas esquecidas pensam que estão se beneficiando, que podem continuar aproveitando a música e a comida.
Venham, é de graça! Custa apenas a sua dignidade.
Interesses.
Na classe D, na classe C, na classe B, na sua classe, no seu dinheiro, na sua felicidade. Fidelidade. Quinze "conto" por criança. Compram seu respeito e vocês nem percebem. Crianças descalças, imundas, sorrindo à rendição. Enquanto isso as ações se valorizam, afinal, esse é o objetivo, ou não? A busca incessante pela sua consciência, a disputa pelo seu salário, a ganância pelo seu sorriso. Servem para que, senão enriquecer o bolso deles? A educação dos seus filhos consumida como o seu respeito.
Igualdade, eles pregam. Venham, abaixem-se até este submundo, teremos então sua tão sonhada igualdade.
Do outro lado da cidade crianças pretas, pardas, brancas e encardidas se divertem com as aulas de boas maneiras. Aulas de maneiras boas. Estão aprendendo a dividir, darão festa e comida aos pobres. Aos mesmos pobres que elegerão os pais delas um dia. Educação. Ler e escrever, pensam. Mas a infeliz realidade é que o povo não sabe pensar. Deveria haver uma escola que ensinasse a pensar, a entender que toda essa lambança não é de graça. Querem te comprar, e você se vende. A culpa? Alguns dizem que é do sistema, mas quem é mesmo que faz o sistema? Há escolha? Quando abaixarem as cortinas e revelarem-se os atores, conheceremos quem são os verdadeiros palhaços.
Tudo isso é lixo.
Tudo isso é lixo. A perda da dignidade com os lábios cerrados e o sangue pulsando latente. Dignidade feita do pó miserável que cai dos sapatos, construída apoiada na mediocridade alheia. Corações miseráveis que não se recordam do tempo de sua inocência, quando a manipulação soberana e suja não lhes afetava a alma, pois desconheciam essa forma de poder.
Intervir de maneira histérica é o que desejamos, porém, a correnteza é tão forte e escura que arrasta a todos, cegando a quem tenta ajudar.
O medo da dor misturado ao desejo ardente de justiça paralisa as mentes que mencionam a revolução. Atrelados às suas cadeiras de rodas de formato cíclico como a vida inóspita logo depois do último amanhecer, os seres que se chamam homens morrem lentamente, receosos de seu próprio saber, mantendo nas mãos gélidas a taça cheia da coragem forjada que um dia esperavam praticar.
Panis et circenses.
Preto, pardo, branco, gente que parece encardida. A pequena rua imita a vila, a vila copia a cidade, a cidade aproveita as idéias do estado, o estado aprende direitinho as lições do país. E essas pessoas esquecidas pensam que estão se beneficiando, que podem continuar aproveitando a música e a comida.
Venham, é de graça! Custa apenas a sua dignidade.
Interesses.
Na classe D, na classe C, na classe B, na sua classe, no seu dinheiro, na sua felicidade. Fidelidade. Quinze "conto" por criança. Compram seu respeito e vocês nem percebem. Crianças descalças, imundas, sorrindo à rendição. Enquanto isso as ações se valorizam, afinal, esse é o objetivo, ou não? A busca incessante pela sua consciência, a disputa pelo seu salário, a ganância pelo seu sorriso. Servem para que, senão enriquecer o bolso deles? A educação dos seus filhos consumida como o seu respeito.
Igualdade, eles pregam. Venham, abaixem-se até este submundo, teremos então sua tão sonhada igualdade.
Do outro lado da cidade crianças pretas, pardas, brancas e encardidas se divertem com as aulas de boas maneiras. Aulas de maneiras boas. Estão aprendendo a dividir, darão festa e comida aos pobres. Aos mesmos pobres que elegerão os pais delas um dia. Educação. Ler e escrever, pensam. Mas a infeliz realidade é que o povo não sabe pensar. Deveria haver uma escola que ensinasse a pensar, a entender que toda essa lambança não é de graça. Querem te comprar, e você se vende. A culpa? Alguns dizem que é do sistema, mas quem é mesmo que faz o sistema? Há escolha? Quando abaixarem as cortinas e revelarem-se os atores, conheceremos quem são os verdadeiros palhaços.
sábado, 1 de novembro de 2008
Baseado em fatos Surreais.
Em algum lugar dentro de cada uma das pessoas que eu nunca conheci há um sentimento em standby, esperando pelo momento certo de explodir e virar nossas cabeças. Coisa típica que não acontece todo dia, e para falar a verdade, acontece quase nunca, beirando a inexistência paradoxal desse tipo de sensação.
Talvez a gente vá vivendo, baseando nossa vida em fatos reais, baseando em baseados e bebidas, sons de músicas, trabalhos e estudos, família, cachorro, problemas e amores físicos, reais e até platonicamente nos surpreendendo com nossas próprias reações, como que querendo sempre estar em outra realidade, com outros amores, outra vida e outros problemas.
Mas um dia, quando você menos espera, ele aparece, vira sua cabeça, te tira do eixo, e te coloca num limbo emocional e físico, não se dorme, nem sequer se pensa direito, sente-se uma coisa que fica acima do amor, ao lado da paixão, de frente para o desejo e de costas para a realidade. No fim, só o que se sente é o sentimento sem sentidos, sem explicações, só fatos, tanta sinceridade descomedida e esperas, e loucuras, e entrega, e desejo e uma alegria alucinada, intensa e surreal.
Quando se baseia a vida em fatos reais, os fatos surreais vêem como um grande imã, atraindo sem volta nossa normalidade e no fim das contas, não se sabe mais onde se está, nem para onde se vai, agente vive muito mais que sobrevive até que um dia a realidade teima em voltar...
E com ela vem o medo, os padrões, a rotina e todas as explicações de uma vida real, de amores mal feitos, de sinceridades comedidas, de mesas de bar, mesas de estudo, mesas de escritório... E sai-se de um limbo para voltar para outro ainda mais esguio e estranho, a gente deixa de sentir e pensa, objetivamente, conscientemente, há até quem diga que racionalmente...Só fica na boca um gosto inconfundível de bubbaloo.
Mas, em algum lugar dentro de cada uma das pessoas que eu já conheci ainda haverá um sentimento em standby, esperando pelo momento de surgir, virar nossa cabeça e tirar-nos do eixo, e relembrar de como um dia, por alguns instantes que parecem eternos baseamos nossas vidas em fatos surreais. Surreais!.
Despretensão
Quem foi que disse?
Que passividade infundada é meramente burrice?
De que serve tudo?
De que serve tudo então?
“Onde se queimam livros no final queimar-se-ão pessoas”.
Se hoje ao menos houvesse fogo.
E se o fogo nos consumisse e nossas cinzas voassem.
Ao menos haveria vôo.
“Um galo sozinho não tece a manhã”.
Não fosse ao barulho dos ouvidos a surdez da alma.
E se pudéssemos com ela ouvir.
Talvez des-crepúsculo-la-na-ría-mos.
O que resta?
O que me resta então?
Eu que sou apenas cinza.
Des-crepúsculo minha alma na imensidão.
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