domingo, 2 de novembro de 2008

Tudo é lixo / Panis et circenses. By Mariana Delfino

Esses textos não são meus, quem me dera, mas a identificação é imensa! A autora gentilmente me deixou publicar e eu só contribui com as fotos.



Tudo isso é lixo.





Tudo isso é lixo. A perda da dignidade com os lábios cerrados e o sangue pulsando latente. Dignidade feita do pó miserável que cai dos sapatos, construída apoiada na mediocridade alheia. Corações miseráveis que não se recordam do tempo de sua inocência, quando a manipulação soberana e suja não lhes afetava a alma, pois desconheciam essa forma de poder.

Intervir de maneira histérica é o que desejamos, porém, a correnteza é tão forte e escura que arrasta a todos, cegando a quem tenta ajudar.

O medo da dor misturado ao desejo ardente de justiça paralisa as mentes que mencionam a revolução. Atrelados às suas cadeiras de rodas de formato cíclico como a vida inóspita logo depois do último amanhecer, os seres que se chamam homens morrem lentamente, receosos de seu próprio saber, mantendo nas mãos gélidas a taça cheia da coragem forjada que um dia esperavam praticar.


Panis et circenses.





Preto, pardo, branco, gente que parece encardida. A pequena rua imita a vila, a vila copia a cidade, a cidade aproveita as idéias do estado, o estado aprende direitinho as lições do país. E essas pessoas esquecidas pensam que estão se beneficiando, que podem continuar aproveitando a música e a comida.

Venham, é de graça! Custa apenas a sua dignidade.

Interesses.

Na classe D, na classe C, na classe B, na sua classe, no seu dinheiro, na sua felicidade. Fidelidade. Quinze "conto" por criança. Compram seu respeito e vocês nem percebem. Crianças descalças, imundas, sorrindo à rendição. Enquanto isso as ações se valorizam, afinal, esse é o objetivo, ou não? A busca incessante pela sua consciência, a disputa pelo seu salário, a ganância pelo seu sorriso. Servem para que, senão enriquecer o bolso deles? A educação dos seus filhos consumida como o seu respeito.
Igualdade, eles pregam. Venham, abaixem-se até este submundo, teremos então sua tão sonhada igualdade.

Do outro lado da cidade crianças pretas, pardas, brancas e encardidas se divertem com as aulas de boas maneiras. Aulas de maneiras boas. Estão aprendendo a dividir, darão festa e comida aos pobres. Aos mesmos pobres que elegerão os pais delas um dia. Educação. Ler e escrever, pensam. Mas a infeliz realidade é que o povo não sabe pensar. Deveria haver uma escola que ensinasse a pensar, a entender que toda essa lambança não é de graça. Querem te comprar, e você se vende. A culpa? Alguns dizem que é do sistema, mas quem é mesmo que faz o sistema? Há escolha? Quando abaixarem as cortinas e revelarem-se os atores, conheceremos quem são os verdadeiros palhaços.

Um comentário:

Joyce Pfrimer disse...

Mariana escreve muito bem!
muito mesmo!

=)


ps: nananinanão! não são as pessoas que se pareciam com os nuggets gigantes e sim os monstros. Texto corigido! Obrigada!

beijoca!