quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Gravidez ou Gravidade?



Mulheres engravidam e ponto. Por mais que de certa forma minha mente rejeite a idéia de que um ser tão incrível possa sair de outro igualmente incrível, tenho que aceitar o fato. Enfim, temos todos que aceitar o fato, mesmo que o feto seja um milagre vagamente racionalizado. No mínimo pensa-se que o sexo leva aos fetos, assim como o amor leva aos filhos, dependendo da situação em questão.

Já os filhos, coitados, além de passarem nove meses, ou 40 semanas como dizem alguns “parteiros”, na eterna ilusão de que a vida se resume a uma piscina onde não temos que nos preocupar com o ar que respiramos e a comida vêm direto por um tubinho estrategicamente posicionado no lugar onde hoje se encontram nossos umbigos, os filhos tem em si a responsabilidade e a culpa por um emaranhado de situações extra-uterinas. Aqui nesse universo paralelo onde nós, os ex bebes vivemos e nos relacionamos.

Enfim, nesse universo extra-uterino, onde alguns de nós usam com orgulho nossos resquícios de tubo alimentar como porta penduricalhos, as gestantes e as grávidas têm direitos que alguns de nos mortais não possuem. Mas vá lá, tudo bem, não vou discutir as relações de direito em respeito aos meus poucos leitores que a pesar de poucos, são muito críticos graças a Deus, e os mesmos me crucificariam gentilmente falando que não concordam com “algumas coisas”. Contudo, quando se está grávida algumas coisas que geralmente são repudiadas no dia a dia tornam-se normais e até apreciadas com certo carinho por nossa parte, como o estranho desejo de comer as mais estranhas coisas do universo, as freqüentes idas ao banheiro e a incrível permeabilidade para se furar filas nos lugares públicos.

Junto com aqueles que são ex bebês a mais de 60 anos, com os portadores de necessidades especiais e com aqueles ou aquelas que carregam crianças de colo, as grávidas tem o direito de furar fila sem serem discriminadas. Lei tal, de tal ano diz em algum lugar do livro tal que elas têm esse direito. Nunca tive nem lombrigas pra saber como é ter um ser dentro de mim, ainda mais pra questionar o direito fura-fila.

Mas o que me faz pensar mesmo é até onde a gravidez esconde a gravidade da situação em que vivemos. Imagine a cena:

Estando eu numa fila, num belo dia do domingo a beira da praia, quando uma jovem senhora se posicionou estrategicamente a minha frente, com uma expressão de quem tem todo o direito fura-fila do mundo, mesmo não me parecendo idosa o suficiente, grávida o suficiente e muito menos educada o suficiente. Quase que automaticamente me posicionei, calmamente, ao lado dela, delicadamente esperando a explicação pra tal atitude, enquanto ela tentava me ignorar junto com os outros mortais freqüentadores de filas. Outra jovem senhora se aproximou, carregando uma barriga enorme. Foi quando a senhorita elaborou a celebre frase que não poderia ser citada em hora mais oportuna:

- Esse povo reclama, mas se deu no exame ontem que eu estou grávida eu não preciso provar.

É realmente incrível como uma pessoa com tal intelecto foi selecionada pela natureza pra ser mãe. Devia no mínimo ganhar da mãe natureza o troféu "mãelandragem do ano". Tudo bem que por algum motivo as grávidas podem furar fila, talvez por não agüentar ficar tanto tempo esperando sem ir ao banheiro ou algo assim, mas quantas semanas seriam necessárias para que isso ocorresse? É como se logo após um coito as mulheres se tornassem seres portadores de necessidades especialíssimas (exclua-se aqui a de receber telefonemas, que é justificável), sem sequer terem necessidade alguma! A necessidade talvez fosse só ganhar alguns minutos na fila do caixa.

Dizem que as tonteiras da gravidez aparecem após algumas semanas, mas a “tonteza” que leva a gravidade dos fatos em que vivem só aparece em situações como essas.

O direito é inegável, mas o fazer valer para si é prova de que no mundo dos espertos, até as grávidas valem por dois. E assim agente vai vivendo, valendo-se de direitos justos por definição, mas burros pela lógica do bem comum.

- Vá minha senhora, e parabéns pelo bebê!

Algumas risadas, e ela, no segundo que esboçaria uma reação escutou, ao fundo, a voz salvadora, livrando-a da platéia que já então a sabatinava com olhares.

-Próximo!

6 comentários:

mari delfino disse...

"É como se logo após um coito as mulheres se tornassem seres portadores de necessidades especialíssimas (exclua-se aqui a de receber telefonemas, que é justificável)" esse recorte soa um pouco cafageste.. rssss

porém, sou obrigada a concordar que nós realmente, muitas vezes inconscientemente, nos aproveitamos do fato de sermos os seres mais belos e importantes do mundo.. mulheres!

haha
bj bj

(concordando com a mayra, essa palavras são msm engraçadas.. bemeto parece nome daquels recipientes q se usam em química, rsss)

Cachorro de 3 pernas disse...

ultra-interinas ou intra-uterinas? Não consijo ler esse texto por causa da foto... manda por email pra mim eheheh

Joyce Pfrimer disse...

gravidez para mim é um assunto super curioso, eu como ex bebe, qd era de fato bebe, tinha medo de engolir caroço de melancia e ficar grávida! O|o
Mas confesso que eu fico um pouco ansiosa com o assunto...às vezes eu sonho (pq eu sou assim mesmo "sonhante") com joycinhas em miniatura, caindo por ai...dizendo aquelas coisas mais lindas do mundo! É o instinto maternal gente...huhuhu!

beijo biel

Joyce Pfrimer disse...

dps olha lá
http://ezas1.blogspot.com/2008/08/t-chovendo-bebs.html

;)

Camilla Santos disse...

A gravidez é uma graça muito grande msmo.. sem contar que é mesmo inexplicável como "um ser tão incrível pode sair de outro igualmente incrível"...

Adorei o texto e principalmente a idéia de um troféu 'mãelandragem' do ano! Seria disputadíssimo! kkkkk

Beijoss!

Edi Ruth disse...

oi Gabriel, passei por aqui assim....do nada...te achei e amei! Parabéns pelo blog (já ví que temos mais um "escritor" nesta família porreta.
Mas...dizem que os fetos perguntam "Existe vida depois do parto"? será que se eles tivessem certeza de como é a vida após quereriam nascer? E se pudessem escolher ficar? Imagine as mães grávidas prá sempre? Nenhum homem mais teria nenhum direito....o dó...rsrsrsr
bjs